13 de out. de 2009

Hino à Negritude aprovado pela Câmara dos Deputados




Um dia depois da votação do Estatuto da Igualdade Racial, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou dia 10/09/2009 e oficializou a proposta, em todo o país, o “Hino à Negritude”, composto pelo poeta e professor negro Eduardo de Oliveira.

O texto aprovado pelos deputados exclui a obrigatoriedade de o cântico ser executado em todas as solenidades relacionadas ao movimento negro. O relator, Gonzaga Patriota (PSB-PE), alterou o projeto de lei do deputado Vicentinho (PT-SP) por entender que não era possível tornar obrigatória a execução da música.

Na justificativa da proposta, Vicentinho diz que o projeto tem como objetivo favorecer o reconhecimento da trajetória do negro na formação da sociedade brasileira. “Não temos ainda símbolos que enalteçam e registrem este sentimento de fraternidade entre as diversas etnias que compõem a base da população brasileira”, afirma.

A proposição segue agora para o Senado após ter sido aprovada em caráter conclusivo, ou seja, sem a necessidade de passar pelo Plenário.

O hino foi composto em 1942 pelo professor Eduardo Ferreira de Oliveira, autor de músicas e livros sobre questões raciais. A música só foi registrada na Escola Nacional de Música, da Universidade do Brasil, em 1966, como Hino 13 de Maio. O cântico já foi oficializado em São Paulo graças à Lei 14.472, de 2007, que prevê que ele seja cantado em “todas as solenidades que envolvam a raça negra”.


Conheça a letra do Hino à Negritude

Hino à Negritude (Cântico à Africanidade Brasileira)

I
Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

II
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

III
Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

IV
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)


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